Análise fundamentalista de ações: como usar os indicadores
A análise fundamentalista para a escolha de ações é um dos critérios utilizados pelos investidores para tomar boas decisões. Entenda.
Publicado em: 08 de dezembro de 2021.
Uma das principais dificuldades dos investidores iniciantes é saber como fazer a escolha dos seus investimentos. Quando falamos em renda variável, decidir o que comprar no meio das ações de tantas empresas pode parecer um tanto confuso, mas saiba que essa escolha não deve ser feita de maneira aleatória.
A análise fundamentalista é a estratégia favorita dos maiores investidores da história, como Benjamin Graham e Warren Buffet. É ela a responsável por auxiliar os investidores na tomada de decisão de compra dos ativos.
E se ela é tão recomendada e funciona para os maiores, funcionará também para você, não é mesmo? Conhecendo-a um pouco melhor, você se sentirá mais seguro na hora de investir, melhorando o retorno da sua carteira de ações.
Mas afinal, o que é a análise fundamentalista?
A análise fundamentalista é uma estratégia que visa analisar uma empresa de acordo com a sua situação financeira, econômica, setorial e até política. É um estudo que avalia as perspectivas de crescimento e de lucro de uma companhia, usando dados econômicos, balanços contábeis e indicadores do mercado financeiro.
Uma de suas finalidades é determinar o valor da empresa, compreendendo o seu histórico e estipulando o seu potencial de geração de valor, verificando, com isso, o preço justo de suas ações.
Historicamente, a ideia era encontrar empresas subvalorizadas, mas com perspectivas de crescimento, encontrando as melhores oportunidades do mercado.
E essa análise nada mais é do que a avaliação dos fundamentos do negócio. Não apenas de um aspecto em si, mas é o entendimento completo de todo o negócio. Não adianta, por exemplo, analisar somente se uma empresa dá lucro, pois mesmo as empresas lucrativas podem fechar as portas um tempo depois.
A compreensão é mais completa, mais profunda. Quem utiliza a análise fundamentalista foca no longo prazo e investe na companhia com a mentalidade de sócio, procurando saber se a empresa está crescendo, se ela consegue pagar suas dívidas, se ela é competitiva, se está bem colocada no seu setor, se está sendo lucrativa, dentre inúmeras outras questões.
É como investir em qualquer outro negócio. Se um amigo de infância te procura oferecendo uma sociedade, muito provavelmente você não vai investir o seu dinheiro
só pelo fato dele ser seu amigo. Normalmente, você vai procurar saber mais sobre o negócio, vai analisar a carteira de clientes, vai analisar toda a parte contábil, vai pesquisar sobre o ramo, vai estudar o ponto, a concorrência, o modelo de negócio, vai conferir dados financeiros etc.
Ao analisar a proposta, você faz o trabalho de casa, certo?
Ao investir em ações, é justamente isso que você também deve fazer. Analisar a empresa da qual você quer se tornar sócio.
E é através da análise fundamentalista que você faz essa análise. É ela quem vai te responder, com base em diversos indicadores, se vale a pena o investimento ou não.
3 dicas de como fazer uma análise fundamentalista
· Entender o funcionamento do mercado de ações
Para poder fazer uma boa análise, antes mesmo de avaliar os fundamentos de uma empresa específica, é necessário ter um conhecimento geral sobre o mercado de ações e a bolsa de valores. Entender o seu funcionamento, entender como funcionam as ordens de compra e venda das ações, como obter informações das empresas e como elas se relacionam com seus investidores.
· Observar as variáveis quantitativas e qualitativas
As variáveis quantitativas são aquelas que podem ser expressas em termos numéricos, como valor de mercado da empresa, sua receita líquida, seu lucro líquido, o P/L (preço da ação dividido pelo lucro por ação), o dividend yield (dividendo pago por ação dividido pelo preço da ação), dentre diversas outras.
Já as variáveis qualitativas, como o próprio nome diz, são aquelas que têm como base o atributo da qualidade, que não podem ser mensurados através dos números, mas que determinam a qualidade do negócio. Podemos citar a notoriedade da marca, a propriedade de tecnologias e patentes, a política de governança, a capacidade de gerar receitas ao longo dos anos, o potencial de crescimento, dentre outros.
Uma análise fundamentalista bem feita precisa levar em consideração os aspectos quantitativos e qualitativos.
· Avaliar os indicadores mais importantes
As empresas são obrigadas a divulgar informações operacionais a cada trimestre, permitindo assim que o investidor interessado possa acompanhar os resultados através do balanço patrimonial (BP), do Demonstrativo de Resultado Financeiro (DRE) e do Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC).
Através desses relatórios, é possível observar as variáveis que comentamos logo acima, bem como o comportamento da empresa, seu valor intrínseco, seu potencial de valorização e outras informações importantes.
E é essencial que os indicadores sejam usados em conjunto, pois usar somente um indicador pode fornecer uma ideia errada sobre o que realmente pode estar acontecendo na companhia. É preciso cruzar as informações para uma avaliação mais fidedigna.
Analise o conceito de value investing
O value investing, ou investimento em valor, é uma estratégia de investimento onde as ações selecionadas para compra estão a um preço abaixo do seu valor intrínseco em determinado momento.
Essa foi uma habilidade desenvolvida por Benjamin Graham, já citado aqui no artigo e “pai” da análise fundamentalista, de comprar ações abaixo do seu real valor para diminuir os riscos e garantir a margem de segurança.
Diferença entre análise fundamentalista e análise técnica
Diferente do que pensam muitas pessoas, a análise fundamentalista e a análise técnica (ou gráfica) não são estratégias antagônicas, mas complementares entre si.
Enquanto a análise fundamentalista se configura como a mais tradicional e segura pelo fato de se basear em estudos da saúde financeira das empresas, do cenário econômico em que elas estão inseridas e estipular um “preço justo” para as ações, considerando o seu histórico e potencial de gerar valor no longo prazo, a análise técnica se baseia em estudos gráficos que buscam padrões de comportamento no preço dos ativos, tentando prever os movimentos futuros nas cotações de títulos e ações, permitindo ao investidor enfrentar melhor as oscilações de curto prazo no mercdo financeiro.
A análise fundamentalista é mais indicada para aquele investidor que pensa no longo prazo. A análise técnica é mais indicada para aquele investidor que deseja ganhar dinheiro fazendo operações de compra e venda mais no curto prazo.
Ambas têm os seus seguidores e defensores e exigem bastante conhecimento e estudo.
É preciso analisar os seus objetivos financeiros, verificar o que funciona mais para o seu perfil de investidor e melhorar a sua tomada de decisões.
Com base no que você aprendeu aqui, o que você prefere: análise fundamentalista ou análise técnica?