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Saiba por que há mais CPFs na bolsa de valores hoje

Um estudo da B3, a bolsa de valores brasileira, aponta que o ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, impulsionou os investimentos de pessoas físicas entre 2021 e 2022

grafico da bolsa de valores

Autor: Marlise Brenol

Publicado em 27 de setembro de 2022

Um estudo da B3, a bolsa de valores brasileira, aponta que o ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, impulsionou os investimentos de pessoas físicas entre 2021 e 2022. Em especial os produtos de renda fixa subiram 17% em 12 meses e o valor em custódia cresceu 38%, somando R$ 1,182 trilhão. 

O estudo foi produzido pela própria bolsa e retrata a evolução dos investidores em instrumentos de renda fixa e variável. Traz ainda outras análises e destaques sobre a pessoa física. Entre abril de 2021 e março de 2022, por exemplo, a quantidade de investidores do Tesouro Direto cresceu 28%, de 1,5 milhão para 1,9 milhão de CPFs.  

Investir em títulos públicos é uma forma de “emprestar” dinheiro ao governo e receber rentabilidade em troca. Nos últimos anos, o governo federal vem incentivando as aplicações nesse tipo de ativo para pessoas físicas. Esse incentivo gerou uma série de alterações, como redução do valor mínimo necessário para aplicações e aumento do valor máximo de compra. É possível comprar uma fração de um título com menos de R$100, com remuneração indexada à inflação. No primeiro trimestre de 2022, 30% dos investimentos no Tesouro Direto foram nessa carteira, atingindo o mesmo patamar de 2019, antes da pandemia de covid-19. 

Já os CDBs, certificados de depósito bancário, tiveram entre dezembro de 2020 e março de 2022 um incremento de 20% na quantidade de CPFs. Hoje são 7,3 milhões de pessoas. Também houve acréscimo no volume investido, que chegou a R$ 513,8 bilhões. Os números parecem bem robustos, mas o estudo mostra que outros produtos de renda fixa também cresceram no período.  

Os Certificados de Operações Estruturadas (COE) tiveram expansão de 34% no número de CPFs investidores e mais de 45% em valores aplicados. Já as Letras de Crédito Imobiliário (LIC) também conquistaram mais 39% de pessoas físicas e a mesma porcentagem de acréscimo em valores.  

A pesquisa ainda aponta o incremento em debêntures, com alta de 54% a 65%, bem como os Certificados de Recebíveis Imobiliários, com expansão de 65% e 54%. O período de aplicações na bolsa de valores também está favorável para os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), que tiveram acréscimo de 82% de CPFs na base de investidores, e as Letras de Crédito do Agronegócio tiveram 111% de crescimento de pessoas físicas

Mais CPFs e mais diversificação

O levantamento confirma um comportamento recorrente do investidor brasileiro, a busca por diversificação de portfólio. Houve um crescimento no número de investidores com mais de um ativo. Em 2016, havia 21% de pessoas físicas que possuíam mais de cinco ativos em carteira. Em 2022, a porcentagem subiu para 37%.  

O estudo ainda retrata o aumento de novos investidores, pois 81% dos CPFs atuais entraram a partir de 2019. Porém, a maior parte do estoque (66%) se concentra em investidores mais antigos, que entraram antes de 2016. Só em renda variável houve um salto de mais de 40% de investidores entre abril de 2021 e março de 2022. Isso significa que entraram mais de 1,3 milhão de novos investidores, totalizando 4,3 milhões.  

Boa parte desse resultado se deve ao crescimento de BDRs e ETFs. Em 12 meses, a B3 recebeu 1,2 milhão de acionistas em BDRs, que são recibos de ações de empresas estrangeiras habilitados a negociações no Brasil. É um salto de 532% na quantidade de investidores do produto, o qual soma 1,4 milhão de CPFs. 

O avanço dos BDRs também entra no contexto atual de diversificação internacional do investidor e ainda se reflete nos ETFs, sigla para Exchange-Traded Fund, que são fundos de investimento baseados em índice de referência e negociados na bolsa de valores como se fosse uma ação. Esses fundos registraram alta de 78% em 12 meses, com 529 mil CPFs e aumento de 32% no valor custodiado, chegando a R$ 10,4 bilhões. 

Uma informação interessante do estudo é a queda no montante de entrada. Em março de 2022, a mediana de primeiro investimento das 99 mil pessoas que entraram na bolsa foi de R$ 94. Destes, 62% entraram com investimentos de até R$ 200, entre os quais 37% não passaram de R$ 40 no primeiro investimento. Ao todo, segundo a B3, o número de investidores em ações à vista cresceu 19%, passando de 2,6 milhões para 3,1 milhões de CPFs.  

ACESSE A ÍNTEGRA DO ESTUDO DA B3: a evolução dos investidores

Bolsa de valores passa a considerar ETF de criptoativos

Lançado em outubro de 2021, o Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro) teve um interesse importante de pessoa física. Isso porque 98% do saldo investido são de CPFs e o número de investidores disparou 419% em apenas 6 meses. O saldo mediano no FIAGRO está por volta de R$ 20 mil. 

Outra novidade dessa edição do estudo da B3 são os ETFs de criptoativos, ou seja, fundos de índice comercializados como ações. O salto foi de 61 mil CPFs em abril de 2021, no lançamento, para 194 mil pessoas investidoras em 2022, um salto de 217%. 

O estudo da B3 aponta para um crescimento nos investidores e queda no valor de entrada de novas pessoas na bolsa de valores hoje. Esse contexto é favorável para novos investidores que estão pensando em começar. A Serasa preparou dicas para iniciantes sobre como e onde investir dinheiro. Saiba quais são as melhores opções: confira!