Guia Serasa: cuide do seu pet sem apertar as contas
Equilibrar finanças também faz parte da adoção responsável, para garantir uma vida longa e saudável aos pets.
Cuidar bem dos animais de estimação costuma ser uma prioridade dentro das finanças domésticas. Afinal, para a maior parte das pessoas ele é considerado um integrante da família.
A pesquisa “Como a adoção transforma vidas e desafia finanças”, feita pela Serasa em parceria com a Opinion Box, confirma: para 70% dos entrevistados, os pets são como um membro da família. E 65% afirmam que gastam quanto dinheiro for preciso pelo pet.
Por isso, é preciso considerar que um animal de estimação acrescenta uma camada extra de complexidade na organização das finanças. Mas com planejamento e estratégias de economia, é possível aproveitar com tranquilidade toda a alegria que um bichinho traz para as nossas vidas.
O mercado pet no Brasil
O Brasil tem a terceira maior população de pets do mundo, com cerca de 160 milhões de animais de estimação, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) e do Instituto Pet Brasil.
Isso justifica os impressionantes números do setor pet, que faturou R$ 77 bilhões em 2024, um crescimento de 12,6% em relação ano anterior. Do ponto de vista dos tutores, o mercado cada vez mais especializado representa a possibilidade de cuidar cada vez melhor dos pets – mas também pode ser um desafio financeiro, em que é preciso ficar atento a gastos exagerados.
Leia também | Quanto custa ter um cachorro?
Animal de estimação: uma boa razão para controlar os gastos
O alerta financeiro não precisa desmotivar ninguém a cuidar de um animal, mas é preciso considerar que a adoção responsável também significa bancar os custos necessários para que o pet se mantenha saudável.
Aliás, esses companheiros podem ser um bom motivador para organizar as finanças. De acordo com a pesquisa da Serasa, junto com o instituto Opinion Box, 24% dos entrevistados ficaram mais atentos aos gastos para não faltar nada para o pet. O impacto positivo da presença de um animal no dia a dia dos tutores também pode avaliado por outros dados da pesquisa:
- ● 89% das pessoas afirmam que ter um pet melhorou seu bem-estar emocional.
- ● Para 76%, o pet contribuiu muito para reduzir sentimentos de solidão ou estresse.
- ● 72% dos entrevistados tratam o pet como um filho.
- ● 36% limpam a casa com mais frequência.
- ● 20% fazem mais atividade física passeando ou brincando com o pet.
Fonte: dados da pesquisa “Como a adoção transforma vidas e desafia finanças”, realizada pela Serasa em parceria com a Opinion Box em agosto e setembro de 2025. 1.618 pessoas entrevistadas.
“Planejar os gastos com o pet não tira a espontaneidade da relação — pelo contrário, garante tranquilidade para viver só o lado bom da companhia.” - Tiago Gomes, consultor financeiro parceiro da Serasa
Quais os principais gastos com pets?
De acordo com a pesquisa da Serasa, a principal despesa com os pets é a alimentação. Mas é importante lembrar que a ração é o gasto mínimo previsto, e além dela também há vacinas, banhos, tosas, consultas periódicas e, infelizmente, as emergências imprevisíveis da saúde do animal.
Confira a seguir os principais gastos dos tutores:
Lista de gastos
Ao planejar adotar um gato ou um cachorro, considere estes custos:
Gastos iniciais
Alimentação
Produtos de higiene
Tapete higiênico / caixa de areia
Vacinas anuais
Vermifugação
Consultas veterinárias
Medicamentos
Gastos essenciais
Caminha
Bebedouro e comedouro
Guia e coleira
Caixa de transporte
Brinquedos
Gastos opcionais
Plano de saúde
Adestramento
Creches e hotéis
Microchipagem
Castração
Quanto custa ter um animal de estimação?
O valor sempre irá depender do seu estilo de vida e do porte do animal. De acordo com a pesquisa da Serasa, 56% dos brasileiros gastam até R$ 300 por mês com seus pets.
Os donos de cães desembolsam mais que os de felinos. Um levantamento do Instituto Pet Brasil, de outubro de 2024, calculou que os cuidados com um cachorro custam em média R$ 431,40 por mês. Para gatos adultos, o custo médio é de R$ 258,40 mensais.
Confira o gasto mensal médio para cada tipo de porte de cães, segundo o instituto:
Alimentação
Produtos de higiene
Tapete higiênico / caixa de areia
Vacinas anuais
Vermifugação
Consultas veterinárias
Medicamentos
Este valor pode representar uma fatia importante do orçamento mensal. Conforme o levantamento da Serasa, cerca de um terço dos brasileiros gastam até entre 6% e 10% do salário com os animais de estimação.
Fonte: dados da pesquisa “Como a adoção transforma vidas e desafia finanças”, realizada pela Serasa em parceria com a Opinion Box em agosto e setembro de 2025. 1.618 pessoas entrevistadas.
Creches e hotéis para pets: o custo da conveniência e do cuidado
Observar o seu estilo de vida também é importante para calcular quanto um pet irá custar mensalmente. Alguns cães se sentem solitários ou ansiosos quando passam muito tempo sozinhos em casa – e nesse caso a creche diária pode ser uma solução.
A creche permite que eles socializem e brinquem com outros cães, com acompanhamento de profissionais qualificados. O cuidado tem um preço: as diárias podem custar entre R$ 30 e R$ 100 (a depender da região).
Para quem viaja e não tem com quem deixar o pet, há os serviços de hotel, que podem variar de R$ 50 a R$ 150 por dia, em média.
Dicas para economizar com pets no dia a dia
Economizar com os pets não significa deixar de cuidar bem dos animais. Saiba como direcionar os gastos de forma mais estratégica:
Compre pacotes grandes de ração
Ao comprar a ração, fique atento ao preço do quilo. Comprar pacotes grandes pode ser mais barato, mas neste caso é preciso armazenar bem para não estragar. Mantenha a ração no pacote original, sempre bem fechada e longe da umidade e da luz.
Dê preferência para ração de qualidade
Se for possível, compre uma ração de qualidade superior para o seu bichinho. Parece contraditório, mas isso pode representar uma economia a longo prazo. Rações premium costumam ser mais nutritivas e previnem problemas de saúde no futuro.
Cozinhe para o seu pet
Nem todo mundo tem tempo, mas esta é uma opção mais econômica e saudável. A alimentação natural para gatos ou cachorros deve ser preparada especialmente para eles, com ingredientes frescos como carne e vegetais.
Dê banhos em casa
Os banhos em pet shops podem representar um gasto mensal significativo. Para economizar, você pode dar alguns banhos em casa — muitos pets ficam até mais tranquilos nesse ambiente. Mas atenção: é essencial escolher produtos de higiene adequados. Alguns cães e gatos, especialmente os de pequeno porte ou de raça, podem ter alergia a certos tipos de shampoo. Prefira sempre opções de qualidade e, se possível, hipoalergênicas. Evite shampoos genéricos vendidos em mercados, que podem funcionar bem para cães sem sensibilidade, mas causar desconforto e até problemas de saúde nos mais delicados. Com cuidado e os produtos certos, o banho em casa pode ser uma alternativa segura e econômica.
Faça visitas periódicas ao veterinário
As consultas de rotina (geralmente anuais) no veterinário podem prevenir problemas de saúde ou diagnosticar precocemente alguma doença. Será mais econômico para o tutor e melhor para o pet.
Escove os dentes do pet com frequência
A escovação ajuda a prevenir tártaro e doenças na gengiva, evitando procedimentos caros e arriscados como a anestesia geral para remoção. Já os gatos são mais sensíveis à manipulação, e muitos tutores — mesmo experientes — não escovam seus dentes sem que isso gere problemas. Por isso, a prática é mais indicada para cães, com produtos específicos para pets.
Lembre-se: quanto maior, mais caro - e mais espaço precisa
Se você está pensando em adotar um pet, especialmente um cachorro, leve em conta que o porte influencia diretamente no orçamento. Cães pequenos costumam custar menos: consomem menos ração e têm gastos menores com produtos, serviços veterinários, banho e até transporte. Além disso, avalie o tamanho da sua casa. Pets maiores precisam de espaço para viver e brincar com conforto. Já vi tutores se arrependerem por adotar animais grandes em ambientes pequenos e muitos acabam deixando o pet mais tempo em creches do que em casa. Gatos, por outro lado, costumam se adaptar bem a apartamentos e exigem menos espaço. Pensar nisso antes evita gastos extras e garante bem-estar para o bichinho e para você.
Saúde em primeiro lugar: como se preparar para os custos veterinários
69% dos entrevistados já precisaram recorrer a alternativas financeiras por custos emergenciais com os pets
52% já priorizaram gastos com os pets em detrimento de despesas pessoais
84% não têm fundo de reserva ou plano veterinário para emergências dos pets
Fonte: dados da pesquisa “Como a adoção transforma vidas e desafia finanças”, realizada pela Serasa em parceria com a Opinion Box em agosto e setembro de 2025. 1.618 pessoas entrevistadas..
Para evitar pedir empréstimos ou até ficar com o nome negativado ao ser surpreendido com uma despesa veterinária, a saída é antecipar-se ao gasto.
- Compre pacotes grandes de raçãoColoque as contas veterinárias no orçamento
O ideal é fazer um planejamento financeiro anual, e nele incluir as despesas veterinárias que você já pode prever para o ano. Considere consultas periódicas, vacinas e até procedimentos planejados, como castração e remoção de tártaro. Se o orçamento ficar apertado, é importante reavaliar outros gastos domésticos que possam ser reduzidos.
Considere um plano de saúde
Prevenção financeira ou custo extra? De acordo com o consultor financeiro Tiago Gomes, para os tutores que levam o bichinho regularmente ao veterinário o plano de saúde pet pode representar uma economia. Eles funcionam como os planos de saúde para humanos, e preveem coberturas de consultas, vacinas, exames e procedimentos.
“Cuidar do pet é como cuidar de um filho: deixar de lado a prevenção sempre custa mais caro do que investir em cuidados básicos regulares”, destaca Tiago.
Há vários tipos de cobertura para cães e gatos, que podem se ajustar ao seu orçamento. As mensalidades mais baixas podem custar R$ 19,90 por mês, com cobrança de coparticipação em alguns procedimentos. Coberturas mais completas, que preveem exames de alta complexidade, internação e até cirurgia, podem chegar a R$ 400 por mês.
Tenha uma reserva de emergência
Ter no banco uma reserva é importante em qualquer cenário. Mas para donos de pet as chances de precisar de um dinheiro extra de forma emergencial são um pouco maiores. A indicação dos especialistas é que a reserva de emergência cubra pelo menos seis meses dos gastos domésticos e esteja aplicada em um investimento com alta liquidez, ou seja, que possa ser resgatado imediatamente se for preciso.
Além disso, vale criar uma reserva exclusiva para o pet. Mesmo sem convênio, esse fundo pode ajudar em despesas inesperadas como remédios, exames ou emergências, evitando que o tutor se aperte no orçamento do mês.
Leia também | Como escolher um plano de saúde para pets
Transforme seu amor pelos animais em renda extra
Você é do tipo de pessoa que faz amizade com todos os cães e gatos que encontra pelo caminho? Pois neste amor existe uma oportunidade de negócio.
É possível fazer uma renda extra transformando a conexão com os animais em serviços oferecidos a tutores que precisam de ajudas pontuais para cuidar dos seus pets. E para isso buscam pessoas responsáveis e que também tenham carinho por animais de estimação.
O dog walker (passeador de cão) é o profissional que busca os cachorros em casa e os leva para passear na rua. E o cuidador de pet vai até a casa quando os donos estão viajando para dar água, comida e atenção ao bichinho.
De acordo com o Sebrae, quem se dedica integralmente a esta atividade pode faturar em média R$ 3.840 por mês.
Como começar a trabalhar com animais
A conexão com os animais é o primeiro dos pré-requisitos para ser dog walker ou cuidador de pet, mas não é o único. É preciso ter uma postura profissional e saber como entrar neste mercado. Confira algumas dicas:
Especialize-se
Existem vários cursos profissionalizantes online (alguns até gratuitos) que ensinam técnicas sobre leitura de comportamento animal e primeiros socorros básicos, por exemplo.
Formalize a atividade
Os cuidadores de animais domésticos podem ser MEI (Microempreendedor Individual). Ao formalizar a atividade, terão acesso aos benefícios da previdência. O Sebrae tem um conteúdo especial para os cuidadores que querem empreender.
Defina sua zona de atuação
O ideal é atender clientes no seu bairro ou em uma zona próxima. Dessa forma será possível cuidar de mais pets e economizar tempo no trânsito.
Crie um perfil no Instagram
É importante criar um perfil profissional no Instagram, onde você pode começar a compartilhar seus primeiros trabalhos.
Divulgue pessoalmente
O primeiro contato começa assim, oferecendo os serviços para familiares, amigos e vizinhos. Você também pode divulgar o seu trabalho nas clínicas veterinárias do seu bairro.
Faça parte de uma plataforma
Esta é uma maneira prática de começar a atuar. Há muitas plataformas que conectam cuidadores e tutores de animais, como DogHero e Pet Anjo.
Assista | Como ganhar dinheiro sendo dog walker
Cuidado, amor e contas em dia: um futuro sustentável para você e seu pet
Já é um consenso: ter um bichinho de estimação compensa os ajustes necessários nas finanças. Na pesquisa da Serasa, 82% dos entrevistados acreditam que os benefícios emocionais de ter um pet valem o investimento financeiro.
Com organização e planejamento, é possível desfrutar de tudo: do carinho de um animal de estimação e da tranquilidade financeira, sabendo que você terá condições de cuidá-lo da melhor forma.
Se estiver pensando em adotar, repasse as dicas a seguir para poder receber com mais segurança um novo amigo na família:
Pesquise os custos
Investigue quais seriam os gastos mensais e anuais com o pet, além das compras iniciais. E não esqueça que animais de grande porte geram mais custos.
Avalie a sua disponibilidade
Se você passa pouco tempo do dia em casa ou viaja muito, será preciso considerar gastos extras com creche, passeadores ou hotéis.
Defina um orçamento mensal
Não adote antes de saber quanto o cuidado com o pet custará por mês. Considere no orçamento mensal também os gastos anuais, dividindo os valores por 12.
Reorganize as finanças
Identifique o que pode ser ajustado para acomodar estes novos custos com o pet. Reavalie, por exemplo, os gastos com delivery ou assinaturas de serviços pouco usados.
Crie uma reserva de emergência
Adoecer, infelizmente, faz parte da vida dos bichinhos também. É importante ter uma reserva para poder bancar imprevistos de saúde sem se endividar.
Tiago Gomes
Administrador com MBA em gestão financeira pela FGV.
Atua como consultor financeiro pessoal e empresarial há 9 anos unindo sua expertise técnica à habilidade de comunicação e escuta ativa. Seu diferencial está em traduzir finanças de forma clara, humana e prática, ajudando seus clientes a saírem do caos financeiro e construírem uma nova relação com o dinheiro — com mais consciência, segurança e paz financeira.