IOF: o que é, como calcular e quem paga em 2025
IOF: o que é, como calcular e quem paga em 2025Data de publicação 30 de outubro de 202510 minutos de leitura
Atualizado em: 23 de julho de 2025
Categoria Educação financeiraTempo de leitura: 14 minutosTexto de: Time Serasa
A taxa referencial (TR) é um indicador econômico criado no início dos anos 1990 e, embora tenha perdido destaque ao longo dos anos, ainda tem grande influência no rendimento de aplicações como a poupança, o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e contratos de financiamento imobiliário. Mesmo quando está zerada, a TR continua sendo um parâmetro importante para o mercado financeiro brasileiro.
Entender como essa taxa funciona, como é calculada e de que forma impacta seu dinheiro pode ajudar a tomar decisões mais conscientes sobre investimentos e crédito. Neste artigo, explicamos tudo o que é preciso saber sobre a TR — de forma clara, prática e atualizada. Continue lendo!
A taxa referencial é um índice econômico criado em 1991 pelo governo federal como parte de um pacote de medidas de estabilização da inflação. Inicialmente, a TR era usada para servir de referência à remuneração de aplicações financeiras e contratos de crédito, funcionando como um parâmetro para corrigir monetariamente valores como depósitos bancários e financiamentos.
Hoje, embora não tenha mais o mesmo peso nas políticas de controle da inflação brasileira, a TR ainda é essencial para diversas operações do dia a dia do consumidor. Ela influencia diretamente o rendimento da poupança, a correção do saldo do FGTS e os contratos de financiamento imobiliário, especialmente aqueles vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
Mesmo em períodos em que a TR está zerada — como tem acontecido frequentemente nos últimos anos — continua sendo usada como índice de referência. Por isso, é importante que quem investe, financia ou planeja a aposentadoria entenda como ela funciona e qual seu impacto sobre as finanças pessoais e os rendimentos.
Até 2018, os valores da TR e da taxa básica financeira (TBF) eram definidos com base na média das taxas dos certificados de depósito bancário (CDB) e dos recibos de depósitos bancários (RDB) prefixados nos últimos 30 dias. No entanto, à medida que os CDBs e RDBs prefixados perderam representatividade no mercado, tornou-se necessário adotar uma metodologia mais alinhada à realidade econômica.
A partir de 2018, a TBF passou a ser calculada com base nas taxas das Letras do Tesouro Nacional (LTN), títulos públicos federais negociados no mercado secundário. O Banco Central calcula a média ponderada das taxas de juros dessas LTNs para chegar ao valor da TBF.
Desde então, o modelo passou por refinamentos adicionais para tornar o cálculo mais transparente e sensível às variações do mercado. A metodologia atual considera fatores como o prazo médio das LTNs utilizadas e a curva de juros do mercado, aumentando a precisão na composição da TBF.
Depois da definição da TBF, o Banco Central aplica um redutor em fórmula própria, o que garante que a taxa referencial seja sempre inferior à TBF. Essa abordagem continua garantindo que a TR sirva como um índice de referência conservador, adequado para aplicações e contratos de longo prazo.
A TR pode ser divulgada em dois formatos: diária e mensal. A principal diferença entre elas está na frequência de atualização e na forma como são utilizadas em diferentes contextos financeiros.
A taxa referencial diária é divulgada todos os dias úteis pelo Banco Central e serve de base para cálculos mais dinâmicos, como os utilizados em contratos de curto prazo ou instrumentos financeiros que exigem atualização constante. Já a TR mensal é consolidada com base nas taxas diárias e costuma ser usada em aplicações de longo prazo, como a caderneta de poupança e contratos de financiamento imobiliário.
O índice diário é especialmente importante para ajustes financeiros com base em dias úteis corridos, sendo comum em contratos atrelados a operações de crédito ou investimentos com liquidez diária. Já o índice mensal influencia diretamente a rentabilidade da poupança, somada a uma taxa fixa de 0,5% ao mês (em alguns cenários) e serve como referência de atualização para saldos de FGTS.
Essa distinção é relevante porque o rendimento final de diversos produtos financeiros depende de qual versão da TR está sendo aplicada ao cálculo.
O valor diário da TR pode ser consultado na Calculadora do Cidadão, disponível no site do Banco Central.
Em julho de 2025, a TR está em 0,1758%, segundo dados do Banco Central. Confira a evolução mensal nos últimos 12 meses:
| Mês de referência | TR no mês | Acumulada no mês | Acumulada 2025 | 
|---|---|---|---|
| julho/2024 | 0,07% | 1,01% | 0,43% | 
| agosto/2024 | 0,07% | 0,87% | 0,50% | 
| setembro/2024 | 0,07% | 0,82% | 0,57% | 
| outubro/2025 | 0,10% | 0,81% | 0,67% | 
| novembro/2024 | 0,06% | 0,80% | 0,73% | 
| dezembro/2024 | 0,08% | 0,81% | 0,81% | 
| janeiro/2025 | 0,17% | 0,90% | 0,17% | 
| fevereiro/2025 | 0,13% | 1,02% | 0,30% | 
| março/2025 | 0,11% | 1,10% | 0,41% | 
| abril/2025 | 0,17% | 1,17% | 0,58% | 
| maio/2025 | 0,17% | 1,25% | 0,75% | 
| junho/2025 | 0,17% | 1,39% | 0,92% | 
Após um longo período com TR zerada entre 2017 e 2021, a taxa voltou a valores positivos em 2022, refletindo o ciclo de alta dos juros. Em 2023, a TR acumulada ficou em torno de 1,76%. Já em 2024 e até meados de 2025, a estabilização da economia e da Selic, embora em alta, levou a uma TR em torno de 0,08-0,17% ao mês — um patamar baixo, mas acima do zero.
Essa evolução mostra como a taxa referencial reflete o cenário econômico: períodos de juros elevados resultam em TR positiva, enquanto a estabilidade tende a mantê-la próxima de zero, com leves oscilações mensais.
Quando a TR foi criada, o Banco Central decidiu que ela nunca poderia ser negativa. Portanto, se cair muito e chegar perto de zero, é automaticamente zerada. A regra foi criada para que os rendimentos que usam a TR como referência não percam valor caso a taxa fique negativa.
Em períodos em que a taxa referencial está zerada, como tem ocorrido com frequência nos últimos anos, os rendimentos de investimentos que utilizam esse índice como base são afetados. É o caso da poupança e do FGTS, que têm parte de sua remuneração atrelada à TR. Com a taxa em 0%, esses produtos passam a render apenas o valor fixo adicional estabelecido por lei — no caso da poupança, por exemplo, apenas 0,5% ao mês (se a Selic estiver acima de 8,5% ao ano), ou 70% da Selic (quando ela está abaixo disso).
Em um cenário de taxa referencial zerada, muitos analistas e instituições financeiras passam a considerar outros índices, como a Taxa Selic ou o IPCA, para estimar a rentabilidade real de investimentos e reajustar contratos. A Selic, por ser a taxa básica de juros da economia, tem ganhado mais relevância como parâmetro para aplicações de renda fixa e financiamento, substituindo em parte o papel que a TR cumpria nas décadas anteriores.
A taxa referencial influencia diretamente os retornos de investimentos de baixo risco, como a poupança, e é usada como fator de correção em financiamentos de longo prazo. Para quem investe, a TR interfere na rentabilidade final. Para quem financia, ela pode alterar o valor total pago ao longo dos anos. Com a taxa zerada, o retorno da poupança fica limitado à parcela fixa ou proporcional à Selic, o que reduz sua atratividade frente a outras aplicações.
Já nos financiamentos imobiliários — principalmente os do SFH — a TR é aplicada para corrigir o saldo devedor. Mesmo em valores baixos, a longo prazo, essa atualização pode gerar impactos relevantes.
Nos financiamentos imobiliários vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH), a TR é usada para corrigir o saldo devedor do contrato. Isso significa que, mês a mês, o valor devido é atualizado com base na taxa referencial vigente. Quando a taxa está zerada, o saldo devedor não sofre correção adicional, o que representa uma vantagem para o consumidor.
No entanto, quando a TR apresenta alta, ela eleva o valor corrigido, impactando diretamente o custo final do financiamento. Por isso, mesmo que pouco perceptível a curto prazo, a taxa referencial pode ter efeito cumulativo significativo em contratos de longo prazo.
A poupança tem parte de sua rentabilidade atrelada à TR. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês + TR. Já quando a Selic está igual ou inferior a esse patamar, o rendimento é de 70% da Selic + TR. Como a taxa referencial tem estado próxima de zero há bastante tempo, ela não tem adicionado ganhos significativos às aplicações — o que reduz o rendimento total da caderneta frente a outras opções de renda fixa.
Criado em 1960, o FGTS garante que os trabalhadores contratados de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) tenham uma reserva financeira. No caso do FGTS, o saldo é corrigido por 3% ao ano + TR. Portanto, quando a taxa referencial está zerada, o fundo rende apenas 3% ao ano — valor que frequentemente perde para a inflação, o que significa perda de poder de compra para o trabalhador.
Títulos de capitalização, frequentemente oferecidos por instituições financeiras como produtos de investimento, também utilizam a TR como base de rendimento. No entanto, o rendimento real desses produtos tende a ser bastante inferior ao de alternativas como a poupança ou Tesouro Direto.
Em períodos com a taxa referencial zerada, os títulos de capitalização praticamente não geraram retorno financeiro — e parte do valor investido é usado para custear sorteios e seguros, reduzindo o montante final resgatado.
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