Por que os pagamentos pelo WhatsApp não pegaram no Brasil?
Os pagamentos pelo WhatsApp são seguros, mas a ferramenta não encantou o brasileiro. Entenda por que o aplicativo teve baixa adesão por aqui.
Publicado em: 09 de junho de 2022.
O pagamento na palma da mão virou rotina para o brasileiro. Apesar de diversas opções de meio de pagamentos, como Pix, transferência bancária, carteira digital, débito automático e boleto on-line, a ferramenta de pagamentos pelo WhatsApp foi anunciada como um meio para facilitar ainda mais a vida do consumidor. Lançado em maio de 2021 no Brasil, com o Pelé como garoto propaganda, acabou ofuscado pelo crescimento vertiginoso do Pix.
No vídeo, Pelé liga para o fundador do grupo Meta, detentor do Facebook, WhatsApp e Instagram, e pergunta como funciona o serviço. Mark responde que mandar dinheiro para familiares e amigos ficou tão fácil como enviar uma foto. O serviço de pagamento não é cobrado pela Meta, mas o usuário precisa cadastrar um cartão de débito no aplicativo. O blog Premium já explicou em mais de um texto como funciona o WhatsApp Pay passo a passo.
Uma pesquisa da Box Opinion com a Mobile Time, publicada em setembro de 2021, apontou que da base de usuários brasileiros, apenas 7% cadastrou WhatsApp Pay. A baixa adesão tem relação com a falta de confiança no WhatsApp. A mesma pesquisa apontou que 33% dos entrevistados disseram não cadastrar o serviço por não sentir segurança para inserir dados do cartão no aplicativo. A maior parte (50%) assume que não tem interesse no serviço.
Fonte: reprodução Mobile Time/Box Opinion
Por que o WhatsApp Pay não vingou?
Na disputa de reinado, o WhatsApp Pay foi a funcionalidade que não tomou o trono no Brasil. Apesar disso, o mensageiro segue bastante popular. Outra pesquisa recente da Box Opinion aponta que o aplicativo está presente na tela inicial do celular de 54% dos aparelhos nacionais, além de ser o aplicativo no qual os entrevistados passam mais tempo ao longo do dia. A pesquisa ouviu 2.036 brasileiros no final de 2021.
Se as pessoas adquiriram o hábito de usar o WhatsApp, seria natural a adesão por uma funcionalidade nova como o pagamento. Porém, o aplicativo enfrenta dois adversários agressivos neste campeonato: o Pix e a cibercriminalidade.
Por que o Pix ganha do pagamento pelo WhatsApp?
O interesse do brasileiro na funcionalidade WhatsApp é proporcionalmente inversa ao interesse no pagamento por meio do Pix. Nem a popularidade do Pelé foi capaz de mobilizar o país do futebol a confiar na Meta. Já o Pix, segundo os dados estatísticos do Banco Central, possuía 119 milhões de usuários cadastrados em maio de 2022.
O sistema de pagamento instantâneo do Banco Central, lançado em novembro de 2020, em meio à pandemia da Covid-19, caiu no gosto do brasileiro, pois além de fácil de usar, é sem custo para pessoa física. Outra vantagem é que o cidadão não depende de um cartão de débito ou de crédito, basta que ele possua uma conta convencional em uma instituição financeira. A chave de transferência de valores pode ser o número do telefone, o e-mail ou o CPF, entre outras, o que também agradou os brasileiros.
Os pagamentos pelo WhatsApp entraram na disputa pelo pagamento instantâneo cinco meses depois e largou em desvantagem porque a operação depende de um cartão de débito das bandeiras Mastercard ou Visa e de conta aberta em parceiros específicos que aderiram ao sistema da Meta: Banco do Brasil, Banco Inter, Bradesco, Itaú, Mercado Pago, Next, Nubank e Sicredi.
Por que o brasileiro não se sente seguro no WhatsApp?
Este é um ponto sensível. A insegurança em relação ao aplicativo está diretamente associada ao crescimento da cibercriminalidade. Os golpes e fraudes cometidos por meio do app cresceram na mesma proporção da adesão aos brasileiros ao mensageiro. A Kaspersky aponta um crescimento de 23% de ciberataques em 2021 em relação ao ano anterior. A pesquisa Panorama de Ameaças é feita anualmente e destaca o crescimento de envio de link maliciosos pelos meios digitais, e-mails e mensageiros.
Este tipo de ameaça tem mais relação com o comportamento do usuário do que com a segurança do aplicativo. Se o usuário do WhatsApp clica em um link de origem desconhecida ou fornece dados pessoais como nome completo, CPF, login e senha para desconhecidos, a empresa Meta não pode impedir o roubo. Apesar de não ser uma vulnerabilidade do WhatsApp, boa parte dos roubos, golpes e fraudes passa pelo mensageiro. Este é o motivo pelo qual os brasileiros tendem a não confiar o número do cartão de débito ao WhatsApp Pay.
Assista | Golpes de WhatsApp: como fugir?
O que o Grupo Meta faz para a proteção no WhatsApp Pay?
O grupo Meta explica no site que adota as melhores práticas para proteger as informações de pagamento: criptografia, armazenamento em camadas, biometria e autenticação do cartão de débito ou múltiplo. Pela adoção de criptografia de ponta a ponta e operação realizada no aplicativo, o WhatsApp garante que as informações de pagamentos estão protegidas de intercepção ou vazamentos. Outro recurso adotado é o armazenamento de dados em mais de uma camada de proteção para que haja redundância de segurança no tráfego entre distintos aplicativos e dispositivos móveis.
A segurança fica ainda mais reforçada com a exigência de senha ou biometria para autorização do envio do dinheiro. E tudo isso só será possível se os dados do cartão de débito ou múltiplo foram chancelados pela operadora do serviço de crédito.
As medidas de proteção tendem a evitar fraude na operação, nenhum caso de vulnerabilidade na transação pelo Whatsapp Pay foi denunciado ou, pelo menos, publicizado, por enquanto. Este é um bom indicador de segurança do serviço. Mas o WhatsApp, seja na funcionalidade pagamento, seja no mensageiro, exige uma conduta preventiva.
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