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Deflação: o que é e como ela é calculada

A deflação pode ser tão nociva quanto a inflação descontrolada. Saiba os motivos.

Publicado em: 22 de dezembro de 2023

Categoria Educação financeiraTempo de leitura: 3 minutos

Texto de: Time Serasa

Diagrama de finanças em declínio com taxa de câmbio mundial

Quando a inflação está em alta, todo mundo percebe. Os preços aumentam a cada dia e o bolso pesa na hora de ir às compras. Quando o contrário começa a acontecer e os preços passam a cair, um novo fenômeno entra em evidência: a deflação.

Inflação e deflação são fenômenos econômicos que envolvem a variação de preços de produtos e serviços. O que pode parecer um alívio para o orçamento também pode trazer consequências negativas ao consumidor.

Mas como a deflação pode ser ruim? E por que ela também pode ser difícil de ser percebida no dia a dia?

Assista | Tudo sobre Inflação - o que é, como funciona, quais as causas

O que é deflação

A deflação ocorre quando os preços de bens e serviços passam a cair ao invés de subir. Nesse cenário, o dinheiro fica mais valorizado, o poder de compra melhora e o consumo é estimulado. Depois de longos períodos de inflação, essa queda nos preços pode representar um alívio para o bolso dos consumidores.

Para ser considerada deflação, no entanto, a queda de preços precisa cumprir dois requisitos:

  • ● deve ser generalizada: é necessário que afete uma grande variedade de produtos;
  • ● precisa ser contínua e durar um período razoavelmente longo: o recuo pontual (como uma redução por um ou dois meses, por exemplo) não se configura como deflação.

 

A deflação também caminha no sentido oposto da inflação. O que os dois conceitos têm em comum é a mudança generalizada de preços: para baixo (deflação) ou para cima (inflação). Esse movimento também precisa ser contínuo e duradouro.

Há, no entanto, um terceiro conceito que se concentra no meio do caminho: a desinflação. Na prática, a desinflação acontece quando os preços continuam subindo, mas num percentual menor que o registrado no mês anterior.

A tabela ajuda a mostrar a diferença entre os conceitos:

FenômenoDefinição
DeflaçãoQueda dos preços de bens, produtos e serviços de forma contínua e generalizada.
Inflação Aumento dos preços de forma contínua e generalizada.
DesinflaçãoRedução do ritmo da inflação. Os preços continuam subindo, mas num percentual menor que o mês anterior.

Deflação: boa ou ruim para a economia?

Ir ao supermercado e ver os preços caindo a cada mês pode significar um alívio para o bolso do consumidor. Mas apesar da aparente boa notícia, a deflação pode ser prejudicial para o bom funcionamento da economia. Especialmente porque ela pode criar um ciclo vicioso.

A queda generalizada de preços por tempo indeterminado pode fazer com que as pessoas adiem suas decisões de compra na esperança de conseguir preços ainda mais baixos no futuro. Esse comportamento alimenta a deflação, pois pressiona o comércio e a indústria. Sem perspectivas de vendas, elas deixam de investir.

O comerciante que faz estoque hoje, por exemplo, pode se ver obrigado a vendê-lo amanhã por um valor menor. Para não ter prejuízo, ele pode reduzir ou suspender suas encomendas em razão da baixa procura. A indústria, por sua vez, tende a cortar ou até parar a produção. Esse cenário pode levar a demissões e até a falências dos setores mais vulneráveis, o que agrava o problema do desemprego. É um efeito dominó.

Assim, se perdurar por muito tempo, a deflação pode levar à recessão econômica e as consequências podem ser piores para a economia que a própria inflação.

Como a deflação é calculada

A deflação é calculada da mesma forma que a inflação: por meio de indicadores que acompanham os preços de itens de consumo e medem suas variações. O principal deles é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado mensalmente pelo IBGE.

Para calcular o IPCA, o IBGE considera o custo de uma cesta de mais de 370 itens distribuídos em oito grupos: alimentação e bebidas, artigos de residência, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais, transportes.

Outro indicador é o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que acompanha valores de itens de bens industriais e matérias-primas e costuma ser utilizado no reajuste dos aluguéis.

Independentemente do índice utilizado, a deflação é identificada a partir da comparação de preços de cada item entre um período e outro – normalmente um mês ou um ano. Se a variação for negativa, então os preços tiveram queda e o país pode estar passando por um processo deflacionário.

Leia também | Inflação hoje: como ela afeta os brasileiros

A deflação no mundo

A deflação é considerada um fenômeno raro na economia. Isso porque a tendência dos preços é aumentar ao longo do tempo, acompanhando o crescimento econômico e o aumento da demanda por bens e serviços.

Uma das principais referências de deflação duradoura no mundo ocorreu nos Estados Unidos na década de 1930, durante a Grande Depressão. O PIB do país encolheu 30%, a produção industrial caiu 47%, o desemprego disparou, alcançando quase 30%. As importações e exportações caíram, o salário médio diminuiu e milhares de empresas e bancos faliram. A Grande Depressão gerou efeitos ao redor de todo o mundo.

Na história recente, o principal exemplo de deflação é o Japão. Entre 1999 e 2005, o país apresentou queda no índice de preços ao consumidor e entrou em crise após o estouro de uma bolha nos mercados imobiliário e de ações. Até hoje os fantasmas da deflação assombram o país.

Países em recessão, no entanto, não têm obrigatoriamente deflação. O Brasil, por exemplo, já passou por vários períodos recessivos, mas em nenhum deles houve queda generalizada dos preços. O problema do país não costuma ser a deflação, mas o contrário dela: a dificuldade de controlar a inflação. E o maior exemplo disso é a hiperinflação sofrida nos anos 1980 e início dos anos 1990.

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