Medo do endividamento: saiba como combater a fobia financeira

Especialista da Serasa, Patrícia Camilo traz dicas para os brasileiros que sofrem com o medo do endividamento

Publicado em 23 de setembro de 2022

No momento em que a inadimplência bate novo recorde no país, a Gerente da Serasa Patrícia Camilo ajuda os endividados brasileiros a combater a fobia financeira.

Convidada do Podcast Guide Investimentos (*), a especialista conversou com o apresentador do programa, Fábio Cardoso, e explicou como combater a sensação de repulsa a qualquer tipo de contato com as próprias finanças, sintoma que pode provocar até mesmo um mal-estar físico quando as pessoas são obrigadas a isso.

Pós-graduada em Finanças pelo Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, Patrícia mostra que é possível encontrar um caminho virtuoso para sair do endividamento. “Não existe mágica, mas algumas ferramentas podem ajudar”, disse ela.

Confira o bate papo completo!


Apresentador Fábio Cardoso: há um aumento significativo do endividamento do brasileiro médio. Essa é uma constatação correta, Patrícia?

Patrícia: infelizmente há um aumento relevante do número de endividados. Houve um pico no início da pandemia e depois, devido a movimentos econômicos e mecanismos governamentais, a inadimplência caiu. Mas esse ano voltou forte e ultrapassa o pico da pandemia. Nos últimos dois anos, esta é a maior taxa de endividamento, o que é preocupante.

Por que o endividamento agora parece ser mais preocupante do que os períodos anteriores ao pico desse índice?

No início da pandemia houve uma situação atípica, na qual todos fomos pegos de surpresa. Agora, há uma deterioração do cenário macroeconômico. A inflação ultrapassando 10%, as taxas de juros também aumentando ... isso vai cercando a economia de uma forma muito delicada. Há perda de poder de compra e o crédito fica mais caro. E, como isso vem se mantendo, o cenário não é tão otimista ao longo dos próximos meses.

As consequências desse alto endividamentos são de curto prazo ou é um impacto que vamos sentir a médio e longo prazos?

A curto prazo a gente já começa a ver a economia desaquecer, mas ainda não é uma constatação. A médio e longo prazos, se o cenário não melhorar, temos previsões tanto negativas quanto positivas. Essas previsões são de outras fontes, não da Serasa. Há precisão de deflação, mas o cenário ainda é incerto. Nesses momentos é mais importante do que nunca cada um olhar suas finanças pessoais e entender como lidar com essa incerteza, como manter uma poupança, como manter uma reserva de emergência visto que muita gente foi pega de surpresa na pandemia justamente porque não tinha essa reserva.

Tem outro ponto ligado a esse endividamento que é a tendência de certo grupo de pessoas não olhar para as suas contas, o aumento dos boletos, criando quase que um sentimento de fobia financeira. Como as pessoas podem fazer para controlar essa ansiedade em relação às contas que se acumulam e, às vezes, não têm meios para quitar ou honrar esses compromissos?

É uma situação bem delicada, mas o primeiro ponto é a gente entender que o conhecimento traz poder. É preciso entender onde estão os nossos gastos, quais são os nossos gastos fixos, quais os gastos variáveis e categorizá-los como: “quanto eu gasto com alimentação, transporte, moradia ... e colocar isso na ponta do lápis”. Tem diversas ferramentas que podem ajudar, desde as mais rebuscadas, como um excel, até o bom e velho caderno. Antes de tudo a gente precisa mapear e entender as nossas contas para ter clareza do cenário e, a partir disso, começar a definir metas, tanto de curto quanto de longo prazo. E ir acompanhando.

Alguma dica para controlar essa ansiedade financeira?

Uma sugestão para controlar a ansiedade é definir metas mais curtas e não tão desafiadoras a fim de criar o hábito de acompanhar e entender o que é possível fazer. Ao invés de falar “vou guardar R$ 1 milhão no próximo ano” vamos começar pequeno e, a partir da realidade do dia a dia, estabelecer metas maiores.

Negociar dívidas com até 90% de desconto?

Só na Serasa! Negocie suas dívidas online com descontos exclusivos em até 3 minutos.

Negociar dívidas

De onde nasce essa fobia?

Essa fobia vem muito do desconhecido, porque a gente vê fórmulas mágicas de pessoas que não são da nossa realidade. Então, primeiro a gente tem de centrar no que temos: qual é a nossa realidade hoje e como a gente consegue se desafiar? Por exemplo: se hoje eu já tenho dívidas, porque ao invés de eu tentar pagar todas as minhas dívidas de uma vez eu não começo com aquela na qual os juros são maiores ou busco formas de renegociar com o credor, entendendo formas de parcelamento, formas de desconto? O Serasa Limpa Nome, que é uma plataforma de renegociação, é um exemplo que oferece muitas ofertas de negociação com desconto e com opções de parcelamento.

E por que a gente paga a dívida com juros maiores?

Porque é ela que irá consumir a maior parte do orçamento com um dinheiro que, na verdade, você nem estava devendo. É juros sobre juros e vai criando aquela bola de neve. Você vai quitando e parcelando e acaba por contrair outras dívidas no seu orçamento. Esta é uma dica bastante valiosa, pois é muito difícil quitar tudo de uma vez e nem sempre é necessário. É importante começar pequeno, de acordo com a nossa realidade, para criar o hábito de avaliar cada uma das dívidas e poder quitá-las dentro das melhores condições e, em paralelo, criar um planejamento para não adquirir novas dívidas. É importante fechar essa torneirinha.

Há casos em que o consumidor precisa contrair um empréstimo ...

Caso seja necessário adquirir um crédito, é importante ter consciência, ser realista: por que estou tomando este empréstimo? Só impulso ou real necessidade? O acompanhamento constante traz esta consciência para gente. O crédito não é um inimigo. O crédito pode ser um amigo, desde que a gente use de uma forma correta, conhecendo as taxas de juros, sabendo o que acontece se não for pago, quando o empréstimo pode virar uma bola de neve e usar isso dentro do orçamento. Por exemplo, o limite do cartão de crédito é um mecanismo para te ajudar a ter um fluxo de caixa diferente, ou seja, você pode usar desde que saiba como usar - e se couber em seu orçamento. 

O ciclo da dívida - Serasa Ensina

Tem gente que toma crédito para pagar as dívidas e assim que começa a diminuir esse montante já se sente empoderado para assumir novos compromissos. Como é que se desenvolve essa consciência financeira de que é preciso fechar a torneira antes de partir para novos gastos, novos desafios, novas compras?

Vou ser repetitiva, mas é preciso voltar para a sua consciência. Primeiro ponto é pensar se realmente precisa deste crédito, ter muita clareza se é necessário, se é para os meus gastos fixos, básicos ou algum consumo, ou só um item de desejo. Usar o mecanismo do crédito não é ruim. Esse empoderamento é importante desde que seja consciente e você mesmo faça o controle. Se começa a usar o crédito da mesma forma que usou anteriormente, adquirindo novas dívidas, usando a mesma estratégia ... o resultado tende a ser o mesmo. Você só vai adiar o problema e no final vai ter uma dívida. Por isso é preciso ter a maturidade financeira, o quanto você está ciente de que vai mudar e qual será sua estratégia.

É possível desenvolver uma espécie de botão de pânico para essas horas em que as contas começam a sair do controle? Quando é possível descobrir que está indo além do esperado nos gastos ou não estamos prestando a atenção nessas contas que se acumulam?

Se tiver organização, mapeamento e definição de metas, vai ficar mais fácil ver isso. Se eu falei que ia gastar R$ 100 e gasto R$ 200, preciso acender o sinal de alerta: opa, tem algo errado aí! É claro que de um mês para o outro há variações nos valores gastos em cada categoria, mas se o montante final está sob controle, está tudo bem. E se gastou um pouquinho a mais neste mês, mas no próximo vai ter uma folga, sem problemas.

O importante é ir acompanhando a curto e longo prazo, então?

É importante não esperar o mês virar para não ser surpreendido. Acompanhar os gastos ao longo dos dias e das semanas deixa tudo mais claro e esse ‘botão de pânico’ fica mais distante e, caso apareça, fica mais fácil de enxergar. Tudo parte do quanto você tem controle e disciplina de acompanhamento.

Eu gostaria que você comentasse sobre os instrumentos que a Serasa apresenta para que o consumidor possa estar atento a essas situações que saem do controle?

A Serasa é um ecossistema completo de finanças. Eu digo que o app da Serasa para quem tem celular e internet é um app obrigatório no celular. 

Ele já tem a informação do Score, que é um modelo de avaliação crédito e fala o quanto a sua vida financeira em relação à tomada de crédito está saudável ou não. É um produto totalmente gratuito e tem esse termômetro da vida financeira que ajuda a tangibilizar o quanto você está bem ou longe dessa clareza que nós comentamos.  

Tem outros serviços também que são para ajudar você a conquistar uma vida financeira mais saudável, como o Serasa Limpa Nome, plataforma com mais de 100 parceiros que faz a intermediação da negociação entre o usuário e o credor em condições especiais. Por meio dela, você tem acesso a quais são as suas dívidas, às opções de parcelamento, aos descontos e a todas as possibilidades para conseguir quitar sua dívida. 

Tem o Serasa Crédito, marketplace com inúmeras ofertas de cartões e empréstimos para o cliente usar com sabedoria.  

Temos o nosso produto Premium, que com a assinatura mensal ou anual faz o monitoramento constante dos dados pessoais, como CPF e/ou CNPJ, vazamentos na DarkWeb. Esta ferramenta é muito importante porque muitas vezes a pessoa descobre que está com o nome sujo, mas nem foi ela que fez a dívida; foi vítima de uma fraude cometida por alguém que usou seu CPF. Essa questão do empoderamento é o que a Serasa traz como missão junto a tornar o crédito acessível para todos. Te empoderar e dar ferramentas para você buscar melhorar o seu momento financeiro. 

 

(*) O podcast completo, com 17 minutos de conversa, pode ser ouvido no Apple Podcast, no Google Podcast, no Sound Clown e no Spotify e no aplicativo Guia Financeiro.