Juros: o que são, quais os tipos e como calcular

Entenda o que são juros, conheça os principais tipos e descubra como calcular.

montinho de moedas com dados encima simulando crescimento de porcetagem

Publicado em: 8 de maio de 2023

Autora: Elaine Ortiz


Quem utiliza crédito já deve ter se perguntado o que significam juros. Neste artigo explicamos o que são, como funcionam, quais os principais tipos, como calcular, como evitá-los. Para saber mais sobre o tema, continue a leitura!

Por que pagamos juros? - Serasa Ensina

O que são juros?

Juros são taxas percentuais que incidem sobre um capital investido ou a remuneração recebida pela aplicação do capital. Em outras palavras, é o rendimento ou soma cobrada pelo credor sobre alguma quantia emprestada.

Quando recebemos um empréstimo a uma instituição financeira, por exemplo, estamos “alugando” o dinheiro por um certo período. Os juros representam esse “aluguel”. É por isso que nos comprometemos a devolver não só a quantia emprestada, mas também um valor adicional na forma de juros. Esse valor é a remuneração pelo uso do valor emprestado.

Vamos a um exemplo: digamos que João tenha solicitado um empréstimo de R$600,00 para ser pago em 3 parcelas com juros de 5% ao mês. Se não houvesse cobrança de juros, as parcelas seriam de R$200,00 cada uma (600/3 = 200). Porém com o acréscimo de 5% ao mês sobre o valor do empréstimo, as parcelas na verdade são de R$230,00 (200 + 30 de juros), e o valor total devido é de R$690.  

Leia também | Taxa básica de juros: o que é e qual impacto nos empréstimos?


Juros simples e juros compostos

Para que os juros de uma operação sejam calculados, é necessário saber o capital emprestado, a taxa de juros e a duração do crédito.

Os juros simples são calculados com base em um valor fixado chamado de capital inicial. Trata-se de uma porcentagem do capital inicial aplicada durante determinado tempo. A principal característica dos juros simples é que o valor da parcela não se altera no decorrer dos meses.

Por exemplo, se você aplica R$100 com juros simples de 10% ao mês, isso significa que todo mês aquele capital renderá 10% de R$100, ou seja, R$10, independentemente do tempo que ele permanecer lá.

Para calcular juros simples de forma rápida e fácil, utilize a Calculadora de Juros Simples da Serasa.

Os juros simples são usados normalmente para contas de consumo, como de água ou energia, quando há atraso. A cada dia de atraso, a soma se dá com um valor fixo calculado em cima da conta.

A fórmula dos juros simples é:

J = C . i . t 

J são os juros; C o capital; i a taxa; e t o tempo.

No sistema de juros compostos, a taxa é calculada com base no capital inicial somente no primeiro mês. Nos demais, é sempre calculada com base no capital do mês anterior.

Isso faz com que os juros compostos rendam muito mais em relação aos juros simples. Isso significa que um capital aplicado durante o mesmo intervalo de tempo no regime de juros composto terá maior rendimento que se aplicado no regime de juros simples.

Utilizando os mesmos valores do exemplo que citamos nos juros simples, no primeiro mês, os 10% serão calculados em cima dos R$100, gerando R$10 de juros e um montante de R$110.

No próximo mês, os 10% serão calculados em cima do valor atual do montante, ou seja, 10% de R$110, gerando juros de R$11, e assim sucessivamente.

Assim, para investimentos os juros compostos são mais vantajosos e para operações de crédito muito mais perigosos. Esse tipo de juros é bastante comum na poupança (quem investe ganha) e no cartão de crédito (quem não paga a fatura deve cada vez mais).

A fórmula dos juros compostos é a seguinte (fórmula montante):

M = C (1+i) t

M é o montante acumulado, ou seja, o total da aplicação; C o capital investido; i a taxa de juros; t o tempo.

Confira também | Calculadora de Juros Simples e Calculadora de Juros Compostos


Existem outros tipos de juros?

Sim, os outros tipos de juros são:

  • ●     Juros nominais

São uma categoria de juros que expressam o rendimento bruto de uma aplicação, sem considerar a inflação.

Por isso, os juros nominais podem não representar o rendimento real. Se, por exemplo, uma aplicação rendeu 10% ao ano, mas a inflação também foi de 10%, não houve rendimento real.

Se a taxa de juros real for positiva (ou seja, se for maior que a taxa da inflação), haverá aumento real do poder de compra do rendimento.

Existe uma fórmula para calcular os juros reais de uma aplicação:

(1 + in) = (1 + r) × (1 + j)

Nessa fórmula, in é a taxa de juros nominal, r é a taxa de juros real e j é a inflação do período.


  • ●     Juros reais

A taxa de juros real serve como indicador para determinar a rentabilidade real de uma aplicação financeira. Para isso, ela considera a inflação, ou seja, a perda de valor do dinheiro.

Na prática, o juro real é positivo quanto um investimento rende acima da inflação.

Para calcular os juros reais de uma aplicação é preciso considerar o seguinte cálculo: (1 + in) = (1 + r) × (1 + j), em que in é a taxa de juros nominal, r é a taxa de juros real e j é a inflação do período.

Assim, qual a diferença para os juros nominais? A taxa real considera a inflação e só é obtida após os descontos da inflação do período, o que permite ao investidor ter uma noção real do seu ganho.

  • ●     Juros de mora

São aplicados quando há o descumprimento no prazo de determinado pagamento. Ele é bastante comum quando ocorre atraso no pagamento de um título de crédito, por exemplo.

Não é o mesmo que multa porque as multas contam com um valor fixo a partir do vencimento do título. Dessa forma, o tempo que durar o atraso não é considerado, e sim o percentual estabelecido previamente.

Para ficar mais claro como é feito o cálculo, vamos a outro exemplo. Imagine que você deva uma prestação de R$1.000 com taxa máxima de juros de mora de 1% ao mês. O vencimento dessa prestação foi no dia 1 do mês, mas você só conseguirá pagar a conta no dia 21.

Então, o cálculo de juros de mora ficará assim:

1000,00 x (1% ÷ 30) x 20 dias de atraso = 1000 x 0,67% = R$ 6,70

Então, o valor final a pagar, com os juros de mora aplicados, será de 1000,00 + 6,70 = R$1006,70.

Leia também | O que é mora do cartão de crédito

  • ●     Juros rotativos (ou juros do cartão)

São aqueles cobrados quando o titular de um cartão de crédito não faz o pagamento total da fatura até a data de vencimento. O exemplo mais conhecido é quando pagamos o valor mínimo da fatura, mas o rotativo é cobrado quando se paga qualquer quantia menor que o valor integral. Por isso, são também conhecidos como juros de atraso de cartão de crédito.

Só é possível fazer uso do rotativo do cartão de crédito uma vez ao mês. Se na fatura seguinte não puder se quitado o valor integral, a instituição financeira deve oferecer parcelamentos e condições melhores para a quitação da dívida.

A taxa de juros do cartão de crédito é perigosa porque, além de os juros serem elevados, nesse tipo de crédito são aplicados juros compostos, em que o valor vai crescendo em cima de uma quantia já existente.

É por isso que dizem que usar o rotativo é o início de uma grande “bola de neve”. No mês seguinte, a dívida será ainda mais alta. No outro mês, ainda mais. Colocar um fim nesse débito, ainda mais com as taxas de cartão de crédito, se torna mais difícil a cada dia que passa.

Leia também | Como fugir dos juros rotativos? 6 dicas práticas

  • ●     Juros sobre capital próprio

Os juros sobre capital próprio são aqueles que podem ser obtidos por empresas que estão sob o regime de lucro real. Para quem investe é uma forma de receber uma remuneração extra, dependendo da performance do investimento feito.

Na apuração da lucratividade do negócio são apurados capital social, lucro, reserva de capital, prejuízo acumulado, entre outros. Os juros sobre capital próprio se parecem muito com os dividendos; porém, no primeiro há desconto de imposto de renda, e no segundo o lucro já vem sem impostos, pois eles já foram pagos.

Leia também | Como declarar juros sobre capital próprio no imposto de renda


Como calcular juros compostos pela internet?

Uma boa forma de calcular os juros compostos dos contratos é utilizando a Calculadora do Cidadão, aplicativo desenvolvido pelo Banco Central que simula vários tipos de operações financeiras a partir de informações fornecidas pelo usuário.

É uma ferramenta interativa que busca facilitar a realização de cálculos financeiros simples. Com ela, o cidadão pode tomar decisões que envolvem dinheiro com mais facilidade.

A ferramenta está disponível no site do Banco Central, mas você também pode fazer o download gratuitamente no Google Play (para quem tiver celular Android) ou na App Store (para aparelhos com sistema iOS).

A Calculadora do Cidadão do Banco Central não tem versão disponível para instalação em computadores, mas pode ser acessada na versão web (online).

Entenda melhor para que serve e como usar a Calculadora do Cidadão e quais os tipos de cálculo que ela faz.


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