Cheque especial: como pagar as dívidas desse tipo de crédito?
Se uma pessoa entrou no cheque especialela tem uma missão importante: sair dele. Veja como quitar as dívidas desse tipo de crédito o quanto antes
Autor: Sara Moreira
Publicado em 27 de setembro de 2022
Diante das altas taxas de juros, usar os valores disponibilizados no cheque especial pode se transformar num recurso incontrolável, especialmente para quem é poutem dificuldade de organização financeira. Um valor pequeno pode se transformar em uma dívida alta, talvez impagável.
Por isso, o principal objetivo de quem entra emergencialmente no cheque especial deve ser sair dele o mais breve possível.
Neste conteúdo, vamos tentar ajudar com dicas importantes
O que é o cheque especial?
É uma linha de crédito pré-aprovada pelo banco, cujo valor fica disponível na conta corrente. A diferença dele para outros tipos de empréstimo é que a pessoa não precisa solicitar o dinheiro nem passar por análise de crédito.
Quando se abre uma conta corrente, alguns bancos já deixam um limite aprovado de cheque especial. É uma reserva. Basta pegar o valor disponível e devolvê-lo na mesma conta corrente, com valor acrescido de juros e impostos.
O cheque especial também pode ter outros nomes, como Cheque Azul, LIS (Limite Itaú para Saque), limite pré-aprovado, entre outros.
Como funciona o cheque especial?
O cheque especial é uma forma de empréstimo do banco. O valor disponibilizado depende de fatores internos.
Vamos a um exemplo de como ele funciona.
Maria tem uma conta corrente no Banco X, que disponibilizou um limite de R$ 500 no cheque especial.
Em determinado mês, os gastos de Maria aumentaram e ela precisou emergencialmente de R$ 250 para cobrir despesas extras. Nesse caso, ela pode pegar essa quantia automaticamente, pois o limite total fica disponível na conta corrente.
Os R$ 250 que Maria pegou emprestado precisarão ser devolvidos na mesma conta corrente, acrescidos de juros e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Alguns bancos disponibilizam um prazo de pagamento para que o valor seja devolvido sem juros. No entanto, sempre será preciso pagar o IOF.
No exemplo acima, vamos supor que a taxa de juros do cheque especial do Banco X seja de 7% ao mês.
Aqui está o motivo que torna o cheque especial caro: entram em cena os juros compostos. O cálculo dos juros (e do IOF) é feito diariamente e de forma cumulativa.
Pegando o exemplo acima, teremos:
• Taxa de juros = 7% ao mês
• Dividindo pelos 30 dias = 0,23% ao dia
• IOF fixo = 0,38% (valor pago apenas uma vez)
• IOF diário = 0,0082% (valor devido a cada dia de atraso)
Se Maria estiver com três dias de atraso na devolução do valor que ela pegou do cheque especial, vamos calcular o valor total da dívida nesse terceiro dia:
• Valor inicial da dívida: R$ 250
• Taxa de juros: 0,23% ao dia
• IOF = 0,38% (fixo) + 0,0082% (ao dia)
• Tempo de atraso: 3 dias
Valor inicial da dívida + IOF fixo (0,38%) = R$ 250,95
• Dia 1: R$ 250,95 + 0,23% + 0,0082% = R$ 251,54
• Dia 2: R$ 251,54 + 0,23% + 0,0082% = R$ 252,13
• Dia 3: R$ 252,13 + 0,23% + 0,0082% = R$ 252,73
Valor total da dívida com atraso de três dias = R$ 252,73
A cada dia de atraso o valor vai aumentando, o que pode se tornar um grave problema futuro.
Redução de juros no cheque especial
Por que os juros do cheque especial são altos?
Os juros do cheque especial são um dos mais altos, chegando a ultrapassar 150% ao ano, de acordo com dados do Banco Central.
Esses juros são altos por um motivo: o cheque especial é um crédito fácil de se conseguir. Ele não tem burocracia para contratação, já que o limite fica disponível na conta corrente da pessoa. Basta usar o dinheiro.
O cheque especial, portanto, é considerado um risco para os bancos, pois não há garantias de que o dinheiro será devolvido. Afinal, não é necessário passar por uma análise de crédito nem comprovação de renda.
Leia também: O que muda com as novas regras do cheque especial.
O que fazer quando há dívidas no cheque especial?
A pesquisa Endividamento 2021, feita pela Serasa em parceria com a Opinion Box, mostrou que do total de 5.294 pessoas endividadas 19% estavam com dívidas no cheque especial.
Quando for inevitável entrar no cheque especial e não conseguir quitar a dívida, o primeiro passo é manter a calma e o segundo é se organizar.
Confira algumas dicas que podem ajudar a resolver a situação:
1. Tente negociar a dívida do cheque especial
Em contato com o banco, é recomendado tentar negociar uma melhor condição de pagamento da dívida.
Com as novas regras do cheque especial, os bancos passaram a oferecer parcelamento das dívidas acima de R$ 200.
No entanto, é importante verificar as taxas de juros dessa renegociação. Caso sejam ainda mais altas, comprometendo as finanças, atenção à terceira dica.
2. Peça ao banco para reduzir o limite do cheque especial
Para não correr o risco de voltar a se endividar no cheque especial, peça ao banco que o limite desse crédito seja reduzido em sua conta corrente.
Na hora do aperto, existem outras opções de empréstimos com melhores condições de pagamento – o que nos leva à terceira dica:
3. Troque a dívida do cheque especial por outra mais barata
Vale a pena procurar outras opções de empréstimo para conseguir quitar a dívida do cheque especial à vista. Dessa forma, ocorre a troca de uma dívida cara por outra mais barata (com taxas de juros menores).
A Serasa disponibiliza a plataforma eCred justamente para simular opções de empréstimos. Na plataforma é possível fazer a simulação gratuita analisando as condições oferecidas pelos parceiros da Serasa.
Outra dica importante: se você está devendo no cheque especial e seu nome foi negativado, acesse a plataforma Serasa Limpa Nome. Nela, é possível saber se existem opções de negociação para a dívida.